O mistério do mundo das artes.

O blog busca compreender o mistério que envolve o peculiar mundo das artes.
Afinal o que quer um escritor quando expõe sua alma em um livro?ou o pintor que tinge a tela com criações avessas à compreensão natural?ou ainda o cineasta,que desafia os limites do real e do imaginário,com suas quimeras douradas?isso é o que iremos tentar descobrir,ou passar a menos observar a partir de agora à cada visita ao museu,biblioteca ou biografia ou mesmo cinema.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

''Porque o túmulo sempre há de entender o poeta'' Charles Baudelaire

Um resumo do que você vai encontrar no wikipédia.Porém,somente os pontos mais importantes.

*Nascido em Paris a 9 de Abril de 1821.

*Órfão.

*Odiava o padrasto.

*participou da revolução de 1848 e logo após dissipou seus bens em meio a boemia e a jogatina parisiense.(história semelhante à de outro poeta,porém britânico).


*Publicação de Les Fleurs du Mal em 1857,maior título de sua carreira.


*Tradutor de Allan Poe a partir de 1848.


*Considerado um ensaísta do parnasianismo, ou um romântico exacerbado.

*Morre no dia 31 de Agosto de 1867 nos braços de sua mãe, acometido pela paralisia geral.




  Agora alguns poemas interessantes.


A alma do outro mundo


Como os Anjos de ruivo olhar,
À tua alcova hei de voltar
E junto a ti, silente vulto,
Deslizarei na sombra oculto;

Dar-te-ei na pele escura e nua
Beijos mais frios que a lua
E qual serpente em náusea fossa
Te afagarei o quanto possa.

Ao despontar o dia incerto,
O meu lugar verás deserto,
E em tudo o frio há de se pôr.

Como os demais pela virtude,
Em tua vida e juventude
Quero reinar pelo pavor.


Charles Baudelaire


Bênção


Quando, por uma lei das supremas potências,
O Poeta se apresenta à platéia entediada,
Sua mãe, estarrecida e prenhe de insolências,
Pragueja contra Deus, que dela então se apiada:

"Ah! tivesse eu gerado um ninho de serpentes,
Em vez de amamentar esse aleijão sem graça!
Maldita a noite dos prazeres mais ardentes
Em que meu ventre concebeu minha desgraça!

Pois que entre todas neste mundo fui eleita
Para ser o desgosto de meu triste esposo,
E ao fogo erremessar não posso, qual se deita
Uma carta de amor, esse monstro asqueroso,

Eu farei recair teu ódio que me afronta
Sobre o instrumento vil de tuas maldições,
E este mau ramo hei de torcer de ponta a ponta,
Para que aí não vingue um só de seus botões!"

Ela rumina assim todo o ódio que a envenena,
E, por nada entender dos desígnios eternos,
Ela própria prepara ao fundo da Geena
A pira consagrada aos delitos maternos.

Sob a auréola, porém, de um anjo vigilante,
Inebria-se ao sol o infante deserdado,
E em tudo o que ele come ou bebe a cada instante
Há um gostod e ambrosia e néctar encarnado.

Às nuvens ele fala, aos ventos desafia
E a via-sacra entre canções percorre em festa;
O Espírito que o segue em sua romaria
Chora ao vê-lo feliz como ave da floresta.

Os que ele quer amar o observam com receio,
Ou então, por desprezo à sua estranha paz,
Buscam quem saiba acometê-lo em pleno seio,
E empenham-se em sangrar a fera que ele traz.

Ao pão e ao vinho que lhe servem de repasto
Eis que misturam cinza e pútridos bagaços;
hipócritas, dizem-lhe o tato ser nefasto,
E se arrependem por lhe haver cruzado os passos.

Sua mulher nas praças perambula aos gritos:
"Pois se tão bela sou que ele deseja amar-me,
Farei tal qual os ídolos dos velhos ritos,
E assim, como eles, quero inteira redourar-me;

E aqui, de joelhos, me embebedarei de incenso,
De nardo e mirra, de iguarias e licores,
Para saver se desse amante tão intenso
Posso usurpar sorrindo os cândidos louvores.

E ao fatigar-me dessas ímpias fantasias,
Sobre ele pousarei a tíbia e férrea mão;
E minhas unhas, como as garras das Harpias,
Hão de abrir um caminho até seu coração.

Como ave tenra que estremece e que palpita,
Aos seio hei de arrancar-lhe o rubro coração,
E, dando rédea à minha besta favorita,
Por terra o deitarei sem dó nem compaixão!"

Ao Céu, de onde ele vê de um trono a incandescência,
O Poeta ergue sereno as suas mãos piedosas,
E o fulgurante brilho de sua vidência
Ofusca-lhe o perfil das multidões furiosas:

"Bendito vós, Senhor, que dais o sofrimento,
Esse óleo puro que nos purga as imundícias
Como o melhor, o mais divino sacramento
E que prepara os fortes às santas delícias!

Eu sei que reservais um lugar para o Poeta
Nas radiantes fileiras das santas Legiões,
E que o convidareis à comunhão secreta
Dos Tronos, das Virtudes, das Dominações.

Bem sei que a dor é nossa dádiva suprema,
Aos pés da qual o inferno e a terra estão dispersos,
E que, para talhar-me um místico diadema,
Forçoso é lhes impor os tempos e universos.

Mas nem as jóias que em Palmira reluziam,
As pérolas do mar, o mais raro diamante,
Engastados por vós, ofuscar poderiam
Este belo diadema etéreo e cintilante;

Pois que ela apenas será feita de luz para,
Arrancada à matriz dos raios primitivos,
De que os olhos mortais, radiantes de ventura,
nada mais são que espelhos turvos e cativos!"


Charles Baudelaire


O poema que deu origem ao post:

Remorso Póstumo


Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,
Em teu negro e mamóreo mausoléu, e não
Tiveres por alcova e refúgio senão
Uma cova deserta e uma tumba chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua carne medrosa
E teus flancos sensuais de lânguida exaustão,
Impedir de querer e arfar teu coração,
E teus pés de correr por trilha aventurosa,

O túmulo, no qual em sonho me abandono
- Porque o túmulo sempre há de entender o poeta -,
Nessas noites sem fim em que nos foge o sono,

Dir-te-á: "De que valeu, cortesã indiscreta,
Ao pé dos mortos ignorar o seu lamento?"
- E o verme te roerá como um remorso lento


Charles Baudelaire
(Tradução de Guilherme de Almeida e Ivan Junqueira)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A história do livro

 Bom,para começar a postar em um blog cujo o nome inclui biblioteca,nada melhor que,em poucas palavras,contar-lhes a história do livro.
 Antes é necessário que se diga que,a escrita surgiu bem antes do livro.A escrita é um código que transmite a palavra,a fala.Os primeiros objetos utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra.Logo depois veio o Khartés ou Volumen para os Romanos que nada mais era do que um cilindro de papiro,que podia ser facilmente transportado.Quando em um mesmo cilindro desses haviam várias obras recebia então o nome de ''tomo''.Um comprimento de um ''Volumen'' era algo em torno de 6 a 7 metros.


 Aos poucos o papiro foi sendo substituído pelo pergaminho que era feito de couro bovino ou de outros animais.O Volumen também é substituído,pelo códex,que não era constituído por rolo,mas sim por várias páginas.
 O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar,reunir em códigos as leis.mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã.


Na Idade Média aparecem textos didáticos,destinados a formação de religiosos.O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco.A partir daí surge a pontuação no texto,bem como o uso de letras maiúsculas.Também aparecem índices sumários e resumos,os textos auxiliares e também os textos eróticos.O papel passa a substituir o pergaminho.
 Mas a invenção mais importante,onde eu realmente queria chegar,foi a impressão,no fim da Idade Média,no século XlV.
 O primeiro livro impresso foi a Bíblia em latim,no Ocidente,em 1455.
 Na Idade Moderna os livros tornam-se cada vez mais portáteis,inclusive livros de bolso trazendo novos gêneros:o romance,os almanaques e as novelas.
 Na Idade Contemporânea o acabamento dos livros sofrem grandes avanços surgindo aquilo que conhecemos por '' edições de luxo''

http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro ADAPTADO.